Um novo olhar sobre a ditadura e reforma agrária no Brasil
Um dos trabalhos recentes que estamos encaminhando é o documentário Nas Terras do Rio Sem Dono, e tem como objetivo retratar as reais razões que motivaram o Golpe Militar de 1964. Estas razões, embora muitos ainda não saibam, serie o inicio da Reforma Agrária no Brasil, que deveria ser impedida a qualquer custo, ou seja, acabou resultando no Golpe de 64. O Projeto do documentário foi viabilizado através do Núcleo de Projetos Cidade Futuro (setor audiovisual). E é baseado na obra literária de Carlos Olavo.
Arte inicial de divulgação do documentário
Talvez seja possível falar de nossa moderna ficção cinematográfica (talvez seja mais exato falar no plural, de nossas modernas ficções cinematográficas, porque a vontade comum gerou diferentes modelos de ficção) como forma(s) nascida(s) de um impulso documentário, da mesma forma podemos falar do moderno documentário cinematográfico (e de novo: melhor falar no plural) como forma nascida de uma vontade de ficção. Nas Terras do Rio Sem Dono é um dos muitos filmes documentários que retratam a questão da Reforma Agrária no Brasil, muitos antes já o Fizeram, como Terra Para Rose, Cabra Marcado para Morrer, ou mesmo Jenipapo e Rebelião em Milagro. Mas são raros os trabalhos que constroem uma ligação tão clara e intensa entre as razões que motivaram o inicio do Movimeno Sem Terra no país e o Golpe Militar de 64. O documentário faz todo o possível para não falar de memória: procura anotar de modo objetivo aquele exato fragmento de realidade que se encontra diante da câmera – mais exatamente: aquele exato fragmento de realidade que se movimenta empurrado pela presença da câmera, porque neste documentário a câmera age mais do que em qualquer outro: não se limita a observar, registrar e comentar a ação, ela cria a ação. Age como a câmera de um filme de ficção, age mais que a câmera de um filme de ficção: deflagra uma situação e participa dela, radicaliza a intervenção do cinema mesmo quando sua presença parece se reduzir à função de observador que não interfere na cena filmada. O cinema, bem precisamente a câmera, aqui deflagra a cena. Não controla a cena, mas deflagra a cena que logo escapa de seu controle e no processo termina por inverter os papéis. A câmera determina que a cena aconteça e ao acontecer a cena determina como a câmera deve se comportar. O fillme registra imagens mais ou menos assim como Graciliano anota na prisão as histórias dos outros presos politicos em Memórias do Cárcere. Depois, na montagem, procura guardar estas anotações com a espontaneidade do instante em que foram anotadas. Quer dizer: é assim mas não é assim tão simples. Eu, como realizador agi na montagem tal como agi durante a filmagem. Interferi sim, cortei, montei, organizei as imagens numa certa ordem e aqui e ali, por meio de uma narração ou comentário, o video então apresenta e explica algo da questão filmada ou do modo de filmar. Enquanto o filme está na tela o espectador nem sente esta interferência, porque se deixa levar principalmente pela ação viva dentro da imagem. É natural.
Não e possível saber ao certo – nem é importante saber ao certo – se a pintura é que mostrou ao cinema, através da experiência das colagens, que um pedaço de objeto qualquer arrancado do mundo e colado numa tela passa a ser duas coisas ao mesmo tempo: sem deixar de ser aquilo que é de verdade passa a ser aquilo que passou a ser depois de transformado em verdade artística. Não é possível saber ao certo se a pintura ensinou ao cinema ou se o cinema aprendeu com a pintura. Mas certamente Braque e Schwitters, entre outros pintores, influíram no modo de ver de toda a gente ao colar num quadro um pedaço de jornal, ou de uma caixa de fósforos, ou de um maço de cigarros, ou de um rótulo de um produto qualquer. Toda a gente aprendeu então a ver cada coisa como duas, a coisa como ela é e a coisa como ela é na estrutura da obra. Na pintura do tempo do cinema, no cinema como na pintura o fragmento do real passou a ser percebido enquanto fragmento do real e enquanto parte de um quadro ou de um filme. A estrutura da obra retira o fragmento do real para transforma-lo num todo à parte. O filme interfere, compõe, manipula, e o espectador sabe que isto é natural. A construção cinematográfica pode levar o espectador diante do filme a sentir a imagem primeiro a realidade documentada e só depois como ela é documentada, primeiro a realidade como se ela estivesse lá, presença viva, e só depois como realidade artística; a sentir a imagem com naturalidade, como imagem não manipulada nem intermediada. Mas no cinema o fragmento que passa na tela vive de fato e como representação, a cena que parece viva ali como referência do que é vivo fora dela. Ver, no cinema, na pintura, no desenho, na gravura, em toda a construção feita para o olhar, não se limita a ficar preso ao imediatamente visível. E mais do que qualquer outro modo de fazer cinema, o documentário deixa os olhos do espectador livres para passear através das imagens presas ao que se passou no instante da filmagem para perceber, sentir, ver até além do que está imediatamente visível no quadro.
Primeiro tratamento da abertura do documentário de
"Nas Terras do Rio Sem Dono".
CONTEXTO HISTÓRICO DO DOCUMENTÁRIO NAS TERRAS DO RIO SEM DONO
O livro Nas Terras do Rio Sem Dono, que deu origem ao documentário, foi baseados em fatos reais ocorridos em Minas Gerais, na cidade de Governador Valadares. o livro foi feito como uma ficção inspirada num fato real, a luta pela terras, os glileiros e posseiros da região, mortes, e represão. A maioria do documentário retrata este periodo através de fotos e imagens antigas, mantendo o padrão predominante em preto e branco, que só é quebrado pelo momento das entrevistas. O filme é feito dos encontros com o jornalista e autor do livro Carlos Olavo, fundador do jornal O Combate, que lutava fortemente a favor de uma imprensa livre, e a favor dos mais fracos. Também estão presentes outros entrevistados que participaram dos movimentos políticos e/ou testemunharam o periodo. O documentário, assim, é um filme sobre um livro de ficção baseado em fatos reais e principalmente, sobre o que se passou com os camponeses retirados de suas terras, e os coroneis represores. Carlos Olavo, atua como um guia através dos acontecimentos, dentro da imagem, autor e personagem da história, conversa com pessoas da época, e vai em busca de pessoas reais, que inspiraram seus personagens, que para fugir de perseguições políticas mudaram de nome. O filme se ocupa de gente comum e a história que ele nos conta pode ser apanhada pelos olhos do espectador, numa certa medida, como uma outra representação do impulso que gerou o cinema do instante em que a filmagem de Nas Terras do Rio Sem Dono foi realizada, e o livro original concluido. As Ligas Camponesas vinham sendo criadas desde meados dos anos 50 com o objetivo de conscientizar e mobilizar o trabalhador rural na defesa da reforma agrária. Durante o governo de João Goulart (1961-64), o número dessas associações cresceu muito e, junto com elas, também se multiplicavam os sindicatos rurais. Os camponeses, organizados nessas ligas ou em sindicatos ganharam mais força política para exigir melhores condições de vida e de trabalho. A renúncia de Jânio Quadros em 25 de agosto de 1961, após apenas sete meses de governo, abriu uma grave crise política, já que seu vice, João Goulart, não era aceito pela UDN e pelos militares, que o acusavam de promover agitação social e de ser simpático ao comunismo. Assim como esses setores eram contrários à posse de Jango, existiam outros que defendiam o cumprimento da Constituição, como o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. O impasse foi resolvido com a adoção do regime parlamentarista de governo, aprovado pelo Congresso. Com esse regime, Jango era apenas chefe de Estado, sendo que o poder efetivo de decisão estava nas mãos de um primeiro-ministro escolhido pelos deputados e senadores. Diante da crise econômica, o regime parlamentarista imposto pelos conservadores, se mostrava ineficiente, com a sucessão de vários primeiros-ministros, sem que a crise fosse atenuada. Esse cenário fortalecerá o restabelecimento do presidencialismo, conquistado através de um plebiscito em 6 de janeiro de 1963. Reassumindo a plenitude de seus poderes, Jango lançou as reformas de base apoiadas por grupos nacionalistas e de esquerda.. Elas incluíam a reforma agrária, a reforma do sistema bancário, a reforma tributária e a reforma eleitoral. Muitos comícios foram organizados em apoio às reformas, destacando-se um comício-gigante realizado na Central do Brasil do Rio de Janeiro em 13 de março. A mobilização popular nos comícios assustava as elites que, articuladas com as forças armadas e apoiadas pelos setores mais conservadores da Igreja, desferiram um golpe de Estado em 31 de março de 1964. No dia seguinte, o controle dos militares sobre o país era total e, no dia 4, Goulart se auto-exilou no Uruguai, sem impor qualquer resistência aos golpistas, temendo talvez o início de uma guerra civil no país. Iniciava-se assim um dos períodos mais obscuros da história do Brasil, com 21 anos de ditadura militar que promoveu uma violenta onda de repressão sobre os movimentos de oposição, além de ter gerado uma maior concentração de renda, agravando a questão social, produzindo mais fome e miséria. Os "anos de chumbo" da ditadura ocorreram após o AI5 (Ato Institucional número 5), no final do governo Costa e Silva (1968), estendendo-se por todo governo Médici (1969-1974).
O Realizador Eduardo Coutinho, considerados um dos maiores
documentaristas do Brasil tem a Terra, e a Reforma Agrária como
temas recorrentes em suas obras cinematográficas.
Cabra Marcado para Morrer, de Coutinho retrata as questões Agrárias
atravésdo opresão exercida pelos latifundiários
Carlos Olavo da Cunha Pereira (Por Fernanda Melo, Núcleo Cidade Futuro)
Nascido em 16 de março de 1923, em Abaeté, Carlos Olavo da Cunha Pereira teve a política presente em sua vida desde o berço. Embalado pelas histórias que ouvia de seu avô, senador da República, e do pai, deputado federal, foi formado numa família marcada pela intensa atuação política; o irmão Simão da Cunha Pereira foi deputado por vários mandatos. Quando jovem, à época residindo em Juiz de Fora, abandonou o curso de Odontologia faltando dois meses para concluí-lo, para mergulhar na Campanha “O Petróleo é Nosso”, que culminou na criação da Petrobras. Entrou para a militância política e iniciou as atividades profissionais no Jornalismo, na Belo Horizonte da década de 1940. Carlos Olavo atuou no Jornal do Povo, de Belo Horizonte, comprometido com lutas sociais e políticas de esquerda. Por esse motivo foi destacado para desenvolver uma série de reportagens especiais no Vale do Rio Doce onde cresciam os conflitos rurais por causa dos despejos em massa de posseiros. O Jornal do Povo encerrou suas atividades e Carlos Olavo decidiu se transferir para Governador Valadares, onde havia realizado as reportagens sobre a região do rio Doce, com ampla repercussão. Era meados da década de 1950, Carlos Olavo decidi criar o jornal satírico O Saci, que levava no cabeçalho a figura do moleque travesso sentado em frente a uma máquina de escrever. Fala de todos, não briga com ninguém, era seu slogan. Lentamente, a luta pela terra, o assassinato de posseiros, a exploração dos trabalhadores urbanos, a violência urbana, as ações policiais arbitrárias e a corrupção de políticos foi transparecendo nas páginas do jornal. O Saci já não correspondia às intenções da linha editorial do jornal. Um concurso público foi promovido junto à população e, eis que surge um novo nome para o jornal: O Combate. O jornal era “desabusado”, como gosta de afirmar seu idealizador. Publicava sem censura o que ocorria na cidade e região, estampando as fotos dos mandantes dos crimes de latifúndio. As ameaças eram muitas, mas os apoios maiores ainda, com muita propaganda do comércio e uma tiragem expressiva, o jornal se mantinha com saúde financeira e independência política. Quando a edição semanal chegava às bancas, na manhã de domingo, era disputada e rapidamente se esgotava. As tensões cresceram muito com o anúncio das Reformas de Base pelo presidente João Goulart. No início de março de 1964, os fazendeiros locais pregavam abertamente contra a possibilidade de ser efetivado o decreto da Superintendência de Reforma Agrária (SUPRA) e a execução do plano piloto da reforma agrária na Fazenda do Ministério. O presidente perdia apoio por causa da decisão de desapropriar as terras não produtivas às margens de rodovias, ferrovias e açudes federais com o objetivo de destiná-las aos trabalhadores rurais para se efetivar a reforma agrária no País. A atuação d’O Combate foi interrompida exatamente no dia 31 de março de 1964, quando teve sua sede praticamente destruída por um grupo paramilitar a serviço de setores latifundiários locais. O referido episódio foi possível porque o Golpe Militar de 1964, que derrubou o presidente João Goulart, implantou uma ditadura e acabou com as liberdades sindicais. O governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, mandou a Polícia Militar dar proteção e retirar Carlos Olavo, que deixou Governador Valadares juntamente com o Chicão, líder dos trabalhadores rurais e posseiros. Carlos Olavo foi levado para Belo Horizonte, deixando sua esposa e filhos em Governador Valadares. De Belo Horizonte, rumou para Brasília, sob a proteção de seu irmão, o deputado federal Simão da Cunha. Depois, seguiu para o exílio na Bolívia, onde trabalhou como jornalista para a campanha de Paz Estenssoro, eleito em agosto de 1964, porém, derrubado por golpe militar em novembro do mesmo ano. Em seguida, Carlos Olavo foi para o exílio no Uruguai, onde terminou o livro Nas Terras do Rio Sem Dono. Ao retornar ao Brasil, em 1979 (Lei da Anistia), trabalhou em alguns jornais da capital e foi assessor de imprensa do antropólogo Darcy Ribeiro, durante sua curta passagem como Secretário de Estado da Educação de Minas Gerais; assumindo depois o cargo de jornalista da Imprensa Oficial Mineira. Após longos anos separado da família, Carlos Olavo vive atualmente em Belo Horizonte, na companhia de sua esposa, Dona Zuca, e de sua filha mais velha, Tânia Mara da Cunha Pereira, tendo sempre por perto os outros filhos e netos. Os muitos episódios da disputa pela terra no Vale do Rio Doce foram imortalizados no romance Nas Terras do Rio Sem Dono, publicado em 1988.
Créditos: Texto e Revisão - Fernanda Melo - Edição - Haruf Salmen
No filme Jenipapo de Monique Gardenberg, um padre e um repórter
envolvem-se nas lutas dos sem-terra do Nordeste. A insistência do jornalista
ameaça a vida do padre e de pessoas próximas a ele.
Sônia Braga no filme Rebelião em Milagro de Robert Redford
Terres du fleuve sans propriétaire un nouveau regard sur la
dictature et la réforme agraire au Brésil
Un des travaux récents que nous envoyons est le documentaire Dans le Land de la rivière sans maître, et vise à représenter les véritables raisons derrière le coup d'Etat militaire de 1964. Ces raisons, bien que beaucoup ne connaissent pas encore, la série au début de la réforme agraire au Brésil, qui devrait être évitée à tout prix, c'est à dire, de déboucher sur le coup de 64. documentaire du projet a été financé par le Centre pour l'avenir des projets de la ville (secteur audiovisuel). Il est basé sur l'œuvre littéraire de Carlos Olavo.
Peut-être qu'il est possible de parler de notre film de fiction moderne (peut-être plus exact de parler au pluriel, de nos films de fiction moderne, parce que la volonté commune généré différents modèles de la fiction) comme une forme (s) né (s) d'une impulsion documentaire, les mêmes Comment pouvons-nous parler du film documentaire moderne (et encore, pour mieux parler au pluriel) comme une forme née d'un désir de fiction. Terres sans propriétaire de la rivière est l'un des nombreux films documentaires qui présentent la question de la réforme agraire au Brésil, beaucoup l'ont fait avant, comme la Terre pour Rose, de chèvre marqué pour la mort, ou même Jenipapo et Milagro Beanfield War. Il existe peu de travaux qui construisent un lien clair et fort que parmi les raisons pour le début des mouvements de paysans sans terre dans le pays et le coup d'Etat militaire de 64 ans. Le documentaire fait de son mieux pour ne pas parler de la mémoire, de recherche d'annoter si cette pièce précise objective de la réalité qui est face à la caméra - plus exactement: l'une seule pièce exacte de la réalité qui se déplace poussé par la présence de la caméra, parce que ce documentaire caméra agit plus que tout autre: non seulement observer, enregistrer et de commenter l'action, il crée l'action. La caméra agit comme un film de fiction, la caméra agit plus d 'un film de fiction: une situation déclenche et participe à elle, radicalise l'intervention du film, même si leur présence semble réduire la fonction d'observateur qui n'interfère pas avec la scène shot . Le cinéma et la caméra précisément, ici déclenche une scène. Ne contrôle pas la scène, mais déclenche la scène bientôt échapper à leur contrôle et le processus se termine en inversant les rôles. L'appareil détermine la scène de se produire et se produisent sur les lieux détermine la façon dont la caméra doit se comporter. Les images fillme dossiers plus ou moins en prison Graciliano écrit les histoires des autres prisonniers politiques dans les mémoires de prison. Puis, à l'Assemblée, vise à mettre ces notes avec la spontanéité du moment a été enregistré. Voulez-vous dire, mais il n'est pas si simple. J'ai agi à titre d'administrateur à l'Assemblée a agi comme pendant le tournage. Oui atteinte, couper, assembler, organiser les images dans un certain ordre et çà et là, à travers une narration ou commentaire, puis la vidéo montre et explique quelque chose du point de tir ou alors de filmer. Alors que le film est sur l'écran, ni le spectateur se sent cette ingérence, parce qu'elle est dirigée principalement par l'action vivante dans l'image. Il est naturel. Pas possible de savoir à coup sûr - et il n'est pas important de savoir à coup sûr - si la peinture est que le film montre, à travers l'expérience des collages, qui un morceau de n'importe quel objet dans le monde sortit et collé sur un écran devient deux choses à la fois : sans cesser d'être ce qui se passe vraiment à ce qui allait se transformer en vérité artistique après. Vous ne pouvez pas savoir avec certitude si la peinture est enseignée au cinéma ou le cinéma a appris à peindre. Mais assurément, Braque et Schwitters, entre autres peintres, influencé la façon de voir tout le monde dans une table lorsque vous collez un morceau de journal ou une boîte d'allumettes ou un paquet de cigarettes, ou de l'étiquette de tout produit . Tout le monde maintenant appris à voir chaque chose comme deux, la chose comme elle est et la chose telle qu'elle est dans la structure de l'œuvre. À l'époque du film de peinture, au cinéma et à la peinture le fragment de la réalité est venu à être perçu comme un fragment de la réalité et dans le cadre d'une image ou un film. La structure de l'œuvre enlève le fragment de la réalité pour la transformer en un seul morceau. Le film mêle, compose, manipule, et le spectateur sait que cela est naturel. La construction du film peut prendre le spectateur avant que le film se sentir la première image documenté la réalité et ensuite seulement comme il est documenté dans la réalité d'abord comme si elle était là, présence vivante, puis en tant que réalité artistique, de se sentir l'image avec Naturellement, comme l'image n'est pas manipulé ou de la médiation. Mais dans le cinéma en passant par le fragment de l'écran et de vivre comme une représentation de fait, la scène semble y vivre comme une référence qui vit à l'extérieur. Voir, dans le film, peinture, dessin, gravure, tout au long de l'immeuble mis à chercher, non pas simplement collée à l'immédiatement visible. Et plus que tout autre mode de réalisation de films, le documentaire laisse les yeux du spectateur libre d'errer à travers les images ci-joint à ce qui s'est passé au moment de la fusillade pour voir, sentir, voir comment bien au-delà ce qui est immédiatement visible dans l'image.
Peut-être qu'il est possible de parler de notre film de fiction moderne
(peut-être plus exact de parler au pluriel, de nos films de fiction moderne, parce que la volonté commune généré différents modèles de la fiction) comme une forme (s) né (s) d'une impulsion documentaire, les mêmes Comment pouvons-nous parler du film documentaire moderne (et encore, pour mieux parler au pluriel) comme une forme née d'un désir de fiction. Terres sans propriétaire de la rivière est l'un des nombreux films documentaires qui présentent la question de la réforme agraire au Brésil, beaucoup l'ont fait avant, comme la Terre pour Rose, de chèvre marqué pour la mort, ou même Jenipapo et Milagro Beanfield War. Il existe peu de travaux qui construisent un lien clair et fort que parmi les raisons pour le début des mouvements de paysans sans terre dans le pays et le coup d'Etat militaire de 64 ans. Le documentaire fait de son mieux pour ne pas parler de la mémoire, de recherche d'annoter si cette pièce précise objective de la réalité qui est face à la caméra - plus exactement: l'une seule pièce exacte de la réalité qui se déplace poussé par la présence de la caméra, parce que ce documentaire caméra agit plus que tout autre: non seulement observer, enregistrer et de commenter l'action, il crée l'action. La caméra agit comme un film de fiction, la caméra agit plus d 'un film de fiction: une situation déclenche et participe à elle, radicalise l'intervention du film, même si leur présence semble réduire la fonction d'observateur qui n'interfère pas avec la scène shot . Le cinéma et la caméra précisément, ici déclenche une scène. Ne contrôle pas la scène, mais déclenche la scène bientôt échapper à leur contrôle et le processus se termine en inversant les rôles. L'appareil détermine la scène de se produire et se produisent sur les lieux détermine la façon dont la caméra doit se comporter. Les images fillme dossiers plus ou moins en prison Graciliano écrit les histoires des autres prisonniers politiques dans les mémoires de prison. Puis, à l'Assemblée, vise à mettre ces notes avec la spontanéité du moment a été enregistré. Voulez-vous dire, mais il n'est pas si simple. J'ai agi à titre d'administrateur à l'Assemblée a agi comme pendant le tournage. Oui atteinte, couper, assembler, organiser les images dans un certain ordre et çà et là, à travers une narration ou commentaire, puis la vidéo montre et explique quelque chose du point de tir ou alors de filmer. Alors que le film est sur l'écran, ni le spectateur se sent cette ingérence, parce qu'elle est dirigée principalement par l'action vivante dans l'image. Il est naturel. Le contexte historique du documentaire sur la terres de la rivière sans propriétaire Livre des terres dans la rivière sans propriétaire, qui a conduit à l'documentaire a été basée sur des événements réels qui ont eu lieu dans le Minas Gerais, dans la ville de Governador Valadares. Le livre a été fait comme une fiction inspirée par un fait réel, la lutte pour la terre, et les squatters glileiros dans la région, les décès, et de la répression. La plupart du documentaire dépeint cette période à travers d'anciennes photos et des images, de maintien de la tendance prédominante en noir et blanc, qui n'est interrompu que par le moment des entrevues. Le film est fait de rencontres avec le journaliste et auteur du livre Carlos Olavo, fondateur du journal, qui a combattu la lutte contre fortement en faveur d'une presse libre, et en faveur des plus faibles. Sont également présents d'autres répondants qui ont participé à des mouvements politiques et / ou témoins de la période. Le documentaire, il est donc un film sur un livre de fiction basée sur des faits et surtout sur ce qui s'est passé pour les paysans de leurs terres, et les colonels represores. Carlos Olavo, agit comme un guide à travers les événements dans l'image, auteur et personnage de l'histoire, parler avec les gens de l'époque, et va à la recherche de personnes réelles qui ont inspiré ses personnages, qui pour échapper aux persécutions politiques ont été renommés. Le film traite avec des gens ordinaires et l'histoire nous dit qu'il peut être pris à travers les yeux du spectateur dans une certaine mesure, comme une autre représentation de l'impulsion qui a généré le film au moment où ils le tournage à la rivière sans propriétaires fonciers a été réalisée et a terminé le livre original. Les ligues paysannes ont été créées depuis les années 50 mi afin de sensibiliser et mobiliser les travailleurs ruraux dans la défense de la réforme agraire. Pendant le gouvernement de João Goulart (1961-64), le nombre de ces associations a augmenté, et avec eux, aussi multiplié les syndicats ruraux. Les paysans, organisés dans les ligues ou les syndicats acquis plus de pouvoir politique à la demande meilleures conditions de vie et de travail. démission de Quadros, le 25 août 1961, après seulement sept mois au pouvoir, a ouvert une grave crise politique, comme son suppléant, Joao Goulart, n'a pas été acceptée par l'UDN et les militaires, qui l'accusaient de favoriser les troubles sociaux et de la sympathie pour le communisme. Étant donné que ces industries ont été exploitation Jango contraire, il y avait d'autres qui préconisent le respect de la Constitution, comme le gouverneur de Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. L'impasse a été résolue avec l'adoption du système de gouvernement parlementaire, approuvée par le Congrès. Avec ce schéma, Jango n'était que chef de l'Etat, et la puissance effective de la décision était entre les mains d'un Premier ministre choisi par les députés et sénateurs. Avant la crise économique, le régime parlementaire imposé par les conservateurs, a montré inefficace, avec une succession de plusieurs premiers ministres, bien que la crise a été atténuée. Ce scénario permettra de renforcer la restauration du présidentialisme, réalisé par un référendum sur 6 Janvier 1963. Reprise de la plénitude de ses pouvoirs, Jango a lancé des réformes de base pris en charge par des groupes nationalistes et de gauche .. Il s'agit notamment de la réforme agraire, la réforme bancaire, la réforme fiscale et la réforme électorale. Plusieurs rassemblements ont été organisés à l'appui de réformes, notamment un grand rassemblement tenu dans le centre du Brésil à Rio de Janeiro sur Mars 13. La mobilisation populaire des rassemblements peur des élites qui ont articulé avec les forces armées et soutenues par des secteurs plus conservateurs de l'Église, a porté un coup d'Etat du 31 Mars, 1964. Le lendemain, le contrôle de l'armée et le pays était plein, le 4 Goulart, l'auto-exil en Uruguay, sans imposer aucune résistance au coup d'Etat, craignant peut-être le début d'une guerre civile. Il a commencé comme une des plus sombres de l'histoire du Brésil, avec 21 années de dictature militaire qui a favorisé une répression violente des mouvements d'opposition, et a généré une plus grande concentration des revenus, ce qui aggrave la question sociale, de produire plus faim et la misère. Les "années de plomb" de la dictature a eu lieu après la AI5 (loi organique n ° 5) à la fin de l'e Silva Costa (1968), qui s'étend à travers le gouvernement des Médicis (1969-1974). Carlos Pereira da Cunha Olavo (par Fernanda Melo, Future City Center) née le 16 Mars 1923, dans Abaeté, Carlos Pereira da Cunha Olavo avait cette politique dans sa vie dès le berceau. Emballé par les histoires qu'il a entendu son grand-père, le sénateur de la République, et son père, un membre du Congrès, a été formé dans une famille marquée par une activité politique intense, son frère Simon Pereira da Cunha a été membre pendant plusieurs années. Quand un jeune âge demeurant à Juiz de Fora, abandonné de la dentisterie manque deux mois pour le compléter, de se plonger dans la campagne "Le pétrole est à nous", qui a abouti à la création de Petrobras. Entré à l'activisme politique et a commencé ses activités dans le journalisme professionnel à Belo Horizonte dans les années 1940. Carlos Olavo paru dans le Journal du Peuple, Belo Horizonte, s'est engagé à luttes sociales et politiques de gauche. C'est pourquoi il a été détaché pour développer une série de rapports spéciaux dans le Vale do Rio Doce où la culture de conflits en milieu rural en raison des expulsions de masse des squatters. Le Journal du Peuple dissous et Carlos Olavo décidé de passer à Governador Valadares, où elle a obtenu les rapports sur la région de Rio Doce, avec des répercussions importantes. C'était le milieu des années 1950, Carlos Olavo décidé de créer le journal satirique Le Saci, qui a pris la photo dans l'en-tête du gamin espiègle assis devant une machine à écrire. Parlez-en à tout le monde, se battent pas avec n'importe qui, a son slogan. Lentement, la lutte des terres, la mise à mort des colons, l'exploration des travailleurs urbains, la violence urbaine, les actions policières arbitraires et la corruption des hommes politiques a été transpire dans les pages du journal. O Saci ne correspondent plus aux intentions de la ligne éditoriale du journal. Un appel d'offres public a été promu à la population, et voilà un nouveau nom pour le papier: la lutte. Le journal était "insolente", aime à revendiquer son créateur. Publié non censurée ce qui se passait dans la ville et la région, l'impression des photos de qui a ordonné les crimes de grands propriétaires fonciers. Les menaces ont été nombreuses, mais les sauvegardes encore plus grande, avec beaucoup de publicité dans le commerce et une circulation d'expression, le journal est restée saine indépendance financière et politique. Lorsque l'édition hebdomadaire en kiosque, le matin du dimanche, a été contesté et s'est vite épuisé. Les tensions se sont, avec l'annonce des réformes très basique par le président Joao Goulart. Au début Mars 1964, les agriculteurs locaux ouvertement prêché contre la possibilité d'être effectuée le décret du surintendant de la réforme agraire (supra) et la mise en oeuvre du plan pilote de la réforme agraire au sein du ministère de ferme. Le président a perdu le soutien en raison de la décision d'exproprier des terres improductives sur les bords des routes, des chemins de fer fédéraux et des barrages en vue de l'objectif pour les travailleurs ruraux à réaliser la réforme agraire au Brésil La performance des combats a été interrompu exactement sur Mars 31, 1964, quand il avait son quartier général pratiquement détruite par un groupe paramilitaire dans les secteurs de service des propriétaires terriens locaux. Cet épisode a été possible parce que le coup d'Etat militaire de 1964 qui a renversé le président Joao Goulart, a déployé une dictature et s'est terminée avec les libertés syndicales. Le gouverneur de Minas Gerais, Magalhaes Pinto, ordonné à la police militaire pour assurer la protection et de retirer Carlos Olavo, qui a quitté avec le Chicão Governador Valadares, leader des ouvriers agricoles et les squatters. Carlos a été prise à Olavo Belo Horizonte, laissant sa femme et ses enfants dans Governador Valadares. Belo Horizonte, Brasilia a navigué sous la protection de son frère, le député Simão da Cunha. Puis départ en exil en Bolivie, où il a travaillé comme journaliste pour la campagne de Paz Estenssoro, qui a été élu en août 1964, cependant, renversé par coup d'Etat militaire en Novembre de cette année. Puis Carlos Olavo partit en exil en Uruguay, où il a terminé le livre dans le Land de la rivière sans propriétaire. À son retour au Brésil en 1979 (loi d'amnistie), a travaillé sur certains journaux dans la capitale et a été attachée de presse pour l'anthropologue Darcy Ribeiro, au cours de son bref passage comme secrétaire d'Etat à l'éducation de Minas Gerais, après avoir assumé le bureau de la journaliste Appuyez sur Mining Journal. Après de longues années séparé de sa famille, Carlos Olavo vit actuellement à Belo Horizonte, en compagnie de son épouse, Dona Zuca, et sa fille aînée, Tania Mara Pereira da Cunha, et toujours d'autres enfants et petits-enfants. Les nombreux épisodes du différend sur les terres du Vale do Rio Doce ont été immortalisé dans le roman Dans le Land de la rivière sans propriétaire, publié en 1988.
Crédits: Texte et de l'examen - Fernanda Mello - Montage - Salmen Haruf
Capa do Livro de Carlos Olavo que deu origem
ao documentário, e em breve virará ficção no cinema