sábado, 29 de janeiro de 2011

Os atores e Desafios de "Nas Terras do Rio Sem Dono"

Como uma produção de baixo orçamento vence os desafios e alcança a excelência.

Realizar trabalhos profissionais com pouco recurso é sempre um grande desafio. Os valores são suficiente para um documentário mediano, com orçamento apertado, mas vamos além e pensando com estratégias criamos algo mais, algo maior e melhor; mas também algo viável. Não é de hoje que ouvimos histórias de produções de baixíssimo orçamento que são viabilizadas através de diversas parcerias, com redução de custos de atores que acreditam na "idéia" original do filme, e da paixão nele empregada. Vejo sempre os "Desafios" no cinema como uma analogia com o "Horizonte". O desafio, assim como a linha do horizonte, esta sempre a frente, caminhamos novamente e mais adiante o horizonte se apresenta. "Para que serve o horizonte então?"; para isso mesmo, para que nos coloquemos em movimento, o horizonte/desafio serve para caminhar.

Paula Franco é a personagem Tereza, em "Nas Terras do Rio Sem Dono"

Fazer um filme, seja ficção ou documentário, ou um pouco dos dois (como o nosso caso), no Brasil, e na verdade, em qualquer lugar do mundo tem este viés, esta característica, primeiro por ser arte coletiva, que envolve várias pessoas de diferentes setores, mas com o mesmo objetivo, em sintonia,  dando o melhor de si. Quando o recurso é menor então, a coisa é ainda mais visível, e o comprometimento de todos é visto ali na prática. Mas não se engane quem acha que este altruísmo é em troca de "nada", pois cada um aqui sabe o valor de participar de um projeto como este, mais que ganhar experiência, é ajudar a construção, juntos, de algo maior, e de qualidade, algo que se possa dizer, como uma idéia, como uma semente, um alerta. Não se trata de uma obra gratuita de entretenimento, mas antes é uma obra de intervensão. O que todos os participantes ganham então? É isto, a possibilidade de se situar, e "ser" junto ao todo, diretor, produtor, figurinista, ator, ser a voz da arte a favor da intervenção no real e para o real.


O filme é um misto de documentário e ficção, é baseado em uma obra romanceada (livro) que por sua vez foi inspirada em fatos reais, ocorridos no Sertão do Rio Doce entre as décadas de 1950 e 1960. Desta forma chagamos a um formato que une o melhor do documentário clássico, com entrevistas e voz off (que segue a narração do livro, com informações pontuais) e entrevistas com moradores e testemunhas dos acontecimentos ocorridos por aquelas bandas de Minas Gerais. Ali você encontrava a luta épica pela terra na sua forma mais crua; as tocais, torturas, injustiças, tudo isto pontuado pela "resistência" de um grupo de trabalhadores do campo e de um jornalista independente obstinado a ajuda-los. Sendo então esta uma obra dupla, chamada por vezes de doc-drama, uma dramatização do real. Trabalhando com duas linguagens alternadamente, os desafios são ainda maiores. Estarei falando neste texto um pouco sobre as formas que encontramos para dar a volta no baixo orçamento, e conseguir realizar um trabalho de qualidade, com grandes artistas do cinema e audiovisual, além de promover o encontro de uma temática possível e pertinente aos nossos dias.  


OS FIGURINOS, FIGURANTES E LOCAÇÕES

Os figurinos dos atores nesta obra são extremamente simples, a vestimenta do homem do campo realmente não mudou muito nos anos que se passaram desde os anos 60, bem diferente dos centros urbanos em que a realidade já é outra. As clássicas camisas de botão com cores neutras para o homem, claro com o chapéu na cabeça, o cavalo e selas tradicionais, a calça surrada e por vezes suja. Já as mulheres com vestidos longos, de pano barato, sandálias os calçados humildes e simples. Os coronéis e elite da cidade, já mais abastados também dividem os vestuários mais simples, embora impecável. Neste tipo de trabalho as diferenças são mesmo sutis, e é ali que se encontra o personagem, quando o trabalhador do campo trás sua camisa amarrotada e para fora das calças, o fazendeiro a mantém passada e para dentro da calça, com o cinto com temas rurais (o boi) a mostra, símbolo de sua riqueza. As diferenças são sutís, mas fundamentais. A grande vantagem é que a produção de arte e figurinista tem certas facilidades por ser uma história rural que se passa em pequenas cidades do interior, pois em cidadezinhas do interior nos dias de hoje as coisas não mudaram tanto, ainda é possível encontrar locações que nos remetam ao passado onde a nossa história ocorre. Desta forma, muitos elementos são simples de compor os ambientes, como casas de pau-a-pique, ou mesmos as moradas dos ricos fazendeiros, que serão filmadas em casas tradicionais da região construídas senão naquele período de nossa narrativa, bem antes dele.



Casa de pau-a-pique, Imagens como estas serão recorrentes em nossa narrativa.

Existem diversos elementos que podem ser considerados extensões do figurino, do lugar e dos personagens. São os cavalos (cedidos por moradores locais), os carros antigos, que nossa equipe conseguiu em parceria com um clube local de veículos antigos na cidade de Gov. Valadares. Ou mesmo as ruas por cauçar, com lama e poeira. A "mata virgem", os descampados e plantações; tudo esta ainda lá, se mantendo quase como décadas atrás. E isto funciona a nosso favor. Já a relação com os figurantes é uma coisa a parte, um processo enriquecedor que envolve toda a comunidade. Além dos atores da região que entraram no projeto a custos mínimos, senão voluntários, temos os moradores locais que acabam fazendo parte de um processo de redescoberta de suas raízes e da arte cinematográfica.   


Figurino e figurantes: graças a simplicidade das vestes, mesmo se tratando de uma 
produção histórica, o vestuário não será dos mais complexos (caros), os figurantes 
serão moradores locais, o que também facilita todo processo de criação e produção.


ENTREVISTAS E CENÁRIOS

Além da pesquisa prévia para o desenvolvimento do quadro dos entrevistados, a logística de deslocamento da equipe, até os locais e cidades, iriam onerar ainda mais um projeto que já conta com recursos reduzidos, de modo que a estratégia para estas gravações, foi inspirada na série de documentários "O Povo Brasileiro" de Iza Ferraz que é inspirada na obra de Darcy Ribeiro. A estratégia era simples, se gravava os entrevistados com um fundo único, no caso um tecido de retalhos, no nosso caso, o tecido de fundo será de uma cor uniforme, graduando para tons de terra. Esta estratégia faz com que todas as entrevistas possam ser gravadas num único lugar, um estúdio por exemplo, sem que este se pareça com um estúdio, já que o tecido da um tom informal a entrevista, ainda mais se utilizarmos pequenos elementos para compor o cenário de forma simples e enxuta. Uma mesinha, objetos como livros ou flores podem ajudar dependendo do perfil do entrevistado.  


 EQUIPAMENTOS TÉCNICOS

Além dos tradicionais processos de produção de baixo orçamento, Nas Terras do Rio Sem Dono irá contar com a tecnologia a seu favor. O vídeo digital tem dado saltos largos, e esta cada vez mais acessível para realização de produções de grande qualidade, com baixo custo. Isto estará presente no processo de montagem, que deverá ser realizado no (programa) Final Cut (Studio), em plataforma Mac, da qual já vem sendo utilizada em produções de hoollywood, além de filmes nacionais como Cidade de Deus (Fernando Meireles). 

O processo de captação de imagem será realizado com a Canon 5D (Canon EOS 5D Mark II), e acessórios como trilhos, mini gruas e lentes. Assim como no passado, o cinema se beneficia do universo fotográfico, só que agora a coisa é no cenário digital. Para quem já passou pelo U-Matic e Betacam como eu, não deveria ser nenhuma surpresa, mas por mais que se diga o contrario, grandes inovações sempre trazem aquele friozinho na barriga e a estranha sensação de estar saindo de uma e entrando em outra fase de mudança e inovação. E esta, veio para ficar. Os resultados são surpreendentes.



Uma Canon 5D montada para filmagem em cinema e vídeo


As imagens proporcionadas pelo equipamento além de grande qualidade, contam com uma praticidade enorme, isto claro em se comparando seus custos benefícios. Depois de longas conversas com nosso diretor de fotografia Fabricio Costa, chegamos a conclusão de que é um investimento que vale a pena. Agora, a produção de comerciais, curtas e longas-metragens se beneficiam diretamente desta linha de equipamento. Agora sim pode-se dizer que o digital proporciona realmente, chegarmos perto das grandes produções mundiais, e mais uma vez o que fará mesmo a diferença é o conteúdo, é o talento daqueles que tem o equipamento em mãos.

PAULO BETTI
NARRAÇÃO DRAMÁTICA

O personagem Carlos Olavo, já mais velho, é interpretado pela voz (narração) off do ator, dramaturgo e diretor cinematográfico Paulo Betti. Como uma testemunha ocular dos acontecimentos ele vai descrevendo trechos do livro original, e revelando os ocorridos naquela região de Minas Gerais. A escolha de Paulo Betti se deve pela sua capacidade narrativa, não queríamos um “locutor” para contar esta história, buscávamos um “narrador”, alguém que ao descrever as mazelas do Vale do Rio Doce, tivesse a capacidade de passar a emoção necessária, ao mesmo tempo, Paulo consegue ter uma voz centrada, equilibrada e firme. Claro que outras razões também pesaram na escolha, e aceitação (dele) e participação no projeto. Paulo é filho de lavradores e passou parte de sua infância numa fazenda, e conhece bem a realidade do pequeno produtor rural, submetido por vezes ao julgo do patrão dono de vastas terras de latifúndio. 



Paulo Betti, será o narrador da história, a voz do jornalista.

O ELENCO

É importante em projetos como este, uma especial atenção ao elenco, principalmente nos papéis que cada um irá desempenhar. Não se trata simplesmente da capacidade de atuação do artista, mas com meu método de direção procuro agregar outros valores a este processo. Como identificação pessoal com o tema do filme, e mesmo com o personagem, e mais que isso, o ator ter certas características que o personagem se existisse teria também, sejam elas físicas ou de atitudes (ação é personagem). O elenco dá corpo ás palavras, em consonância com os desejos do diretor. Uma boa distribuição de papéis deve ser feita conjuntamente pelo diretor de acordo com a produção executiva e roteiro. Uma escolha errada pode dar origem a graves problemas que uma produção deste nível não pode ter. Um ator que não se adapte ao papel prejudica todos os outros atores, desfigura o personagem, faz desaparecer a carga dramática e como consequência, o conteúdo do roteiro. 

Portanto uma boa distribuição dos papéis é um fator chave para a boa realização do filme. Um integrante adequado, além de se ajustar ás características desejadas pelo diretor, revelará outros aspectos (escondidos) da personagem que apenas um ator que a compreenda pode descobrir. Os atores possuem um baú de vivências, múltiplos conhecimentos aprendidos e experiência. E é com essa bagagem que um ator acrescenta matizes que revelam toda a potencialidade da personagem. Além deste desafio claro, que só pode ser suprido pela preparação dos atores locais, e adequação aos personagens com poucas falas, temos o desafios dos atores executarem seus papéis em um espaço curto de tempo para as gravações. O desafio é mesmo grande, mas o fato de ser uma "dramatização" em um documentário facilita as coisas, pois ai estas cenas com atores, é entrecortada pelos entrevistados que estão contando aquela mesma história encenada. É construído então o mosaico de narrativas possíveis de uma mesma história, hora pela voz narradora (do livro e do jornalista, já mais velho), hora pela memória oral através das entrevistas, ou mesmo das imagens clássicas de arquivos históricos como fotos antigas, super 8 e películas gravadas nos anos 40,50 e 60.  Esta construção coletiva de gêneros colaboram para a melhor compreensão do tema, além claro de ser uma forma mais envolvente do publico participar da história contada.  


PERSONAGENS 

Paula Franco é Tereza

TEREZA: personagem intenso, é filha de um posseiro que foi condenado injustamente por matar um coronel que ameaçava sua familia, apesar de ter sido legítima defesa as autoridades locais o condenaram através de um esquema de corrupção e favorecimentos pessoais , seu pai morre na prisão. Anos mais tarde Tereza se junta ao sindicato dos trabalhadores do campo, que se reúnem para lutar por seu direito a terra e contra as investidas de um grupo de coronéis que estão dispostos a tudo para expandir suas posses, matando se for preciso. 

O personagem Tereza, tem um grande conflito interno, gerado não somente pela morte do pai, mas a outros fatores que serão revelados no decorrer da narrativa. A união com o grupo de camponeses se dá então mais por razões pessoais que ideológicas, as duas razões se misturam fazendo então Tereza ser um barril de pólvora pronta e explodir a qualquer momento a favor da "causa". Neste processo, Tereza, que dedicou grande parte de sua vida a este ideal e luta, se vê num beco sem saída com as investidas cada vez mais ousadas e intensas dos coronéis e "donos da cidade" e do latifúndio que outrora pertencera a sua familia. Sua unica alternativa é então partir para a luta armada, agora não só a favor de seus direitos e dignidade, mas a favor de sua vida.


A atriz Paula Franco é uma das protagonistas de Nas Terras do Rio Sem Dono.

PAULA FRANCO: Paula Franco é atriz e modelo, tendo em sua carreira participados dos mais variados gêneros, no cinema participou dos filmes: Os Normais 2, O Dono do Mar, Sonhos Tropicais, As 12 Estrelas. Em novelas participou de Insensato Coração, Alíce (HBO), Paraíso Tropical, Belíssema, Kubanacan, Chiquinha Gonzaga. Com moda tem dez anos de experiência Brasil, Europa, Japão, EUA. Vencedora do Concurso Ellus Looking –The Look of The Year (América Latina) 89, Sétima colocada no mundial The look of the year,  – Paris , 1989 , Capas de revista : Marrie Claire,  Juene et Jolie, Capricho,  Boa Forma, corpo a corpo, Saúde e beleza entre outros.

A escolha da atriz Paula Franco se deve a uma série de fatores, além do talento e experiência como atriz, Paula possui outras características que a torna unica, e que eu tendo a valorizar nos trabalhos desenvolvidos por nossa equipe, um deles é a voz, não só entonação mas a postura, que complementam com vigor e intensidade as interpretações mais complexas, dando mais veracidade ao personagem e total controle sobre a atuação. Este fator, juntamente com a postura corporal elegante, sem ser afetada, uma beleza natural imponente sem deixar de ser simples, e a flexibilidade e naturalidade diante das câmeras pesaram na escolha. O papel de Tereza pedia tais características, necessitava de uma atriz que conseguisse chegar no ponto de atuação onde a interação com um grupo de camponeses "homens", lhe desse a força e autoridade para colaborar na liderança para a guerrilha armada.


Alguns trabalhos de Paulo Franco.


Participação de Paula Franco na novela Insensato Coração


Felipe Reis é Carlos Olavo

CARLOS OLAVO: É um jornalista vindo da cidade grande, que usa o seu jornal:  O Combate, para defender os trabalhadores rurais e os ajudar contra as investidas cada vez mais ousadas e violentas dos grileiros. Carlos está em ambiente hostil. No meio de homens rudes, beberrões e semi-letrados do local, é tratado a gargalhadas. Mas aos poucos vai tomando gosto pelo ideal de justiça e a terra para quem é de direito, e vai conquistando o respeito da cidade, como homem valente e corajoso, embora pessoalmente nem sempre ele mesmo tivesse certeza disso.  Carlos Olavo é a testemunha ocular de todo o ocorrido, e é seu livro (que lançou posteriormente) que dá origem ao documentário/filme, a narração off, representando sua voz, já mais velho (Paulo Betti) narra o que ele testemunhou. Escreveu o livro no exílio, fugido da ditadura. Mas as memórias ainda são vivas e pulsantes, a narrativa encontra o seu mosaico, com os entrevistados que vão sendo adicionado ao filme, dando-lhe ainda mais veracidade. Carlos Olavo é um idealista, mas também um empreendedor, sabia plenamente que quanto maior a polemica de seu jornal, mais exemplares venderia. O personagem é um herói humano, que vacila, treme, pensa em desistir, mas se mantém firme, entrando numa briga que não é sua, mas ao mesmo tempo é de todos.   


Felipe Reis interpreta o jornalista Carlos Olavo
FELIPE REIS: Graduado em Rádio e TV pela Anhembi Morumbi e atualmente participa programa "Nossa Língua", na TV Cultura. Atua desde muito pequeno. Aos 16 anos entrou em uma agência e logo ganhou um papel na novela "Chiquititas". Depois disso, se matriculou em um curso profissionalizante de teatro para tirar o DRT de ator profissional. É diretor e criador da série “Conversas de Elevador”, Felipe também tem mais três webséries: "Os Irmãos Capacete", baseado no cinema mudo e nos universo dos quadrinhos; a narração de "Mr. Natural", personagem do Robert Crumb, só com quadrinhos sonorizados e sem animação; e "As desventuras de  Ruth e Alba", história de duas velhas feitas pela mesma atriz. Felipe também participa de campanhas publicitárias para a televisão como Revista Veja, entre outros.



Comercial revista Veja com a participação de Felipe Reis


Ronaldo Lampi é Jagunço Teodoro
JAGUNÇO TEODORO: Teodoro, é um dos personagens mais intrigantes e complexos da narrativa. Sua presença nos ambientes em que circula, seja a cidade ou entre sua milícia de jagunços, causam uma só sensação: inadaptação social. O personagem Teodoro é inspirado no apostolo Paulo, só que antes de se tornar Paulo, quando ainda era Saulo. Saulo matava quaisquer cristãos no caminho. Até que Jesus o cegou e Saulo se converteu à fé do Cristo depois de ser curado através das mãos do apóstolo Ananias. Ele serve seus senhores, no caso, os grileiros e fazendeiros ricos, com devoção extrema, fazendo o que é preciso para proteger os mandantes, e com grande resistência a torturas. Dizem ter o corpo fechado, já escapou diversas vezes da morte certa, conseguindo então a fama redundante de “O Famigerado”. É o líder da milícia de 15 homens do coronel Altino Machado. Teodoro é sanguinário, e tem um mórbido prazer em matar, o que assusta seus seguidores e os próprios coronéis. Desde garoto, aos 12 anos, lá pelas bandas do Vale do Jequitinhonha já era conhecido por ter matado um grupo de vadios que destruiu sua casa e matou sua família. Muitos dizer ser mais uma lenda do “Famigerado”, mas tudo indica ser verdade. Apesar de lidar com matadores grosseiros, e não ter tido o mínimo de educação, Teodoro tem um porte e elegância que o torna ainda mais assustador, o fato de logo depois de ter sua família morta, ter sido adotado por um grupo de circo itinerante lhe garantiu uma educação informal ate os 18 anos, quando começou a matar profissionalmente. Então faz parte da sua personalidade exótica, vestimentas extravagantes, e o olhar enigmático de um mágico de rua sedutor, e assustadoramente cruel. Faz parte de sua personalidade: Ausência de culpa, é o mestre da mentira, na sua mente doentia a realidade e a ilusão funde-se num só conceito, manipulação e egoísmo; é um indivíduo extremamente manipulador que usa o seu encanto para atingir os seus objetivos nunca pensando nas emoções alheias. Não reconhece a dor que provoca nos outros, e por isso, usa as pessoas como peões, objetos que pode pôr e dispor conforme lhe convêm.  É muito inteligente, ausência de afeto, e muito impulsivo; Devido a falta do superego, não consegue conter os seus impulsos, podendo cometer toda a espécie de crimes, friamente e sem noção de culpa. E por fim a característica mais marcante; o isolamento, mesmo em meio ao seu grupo, nunca se mistura ou conversa muito com eles, nem mesmo com os patrões.



Ronaldo Lampi é Teodoro, aqui na foto (real), com seu grupo de 
Teatro Musical “De Carona”


RONALDO LAMPI: É ator, músico e produtor cultural. Já fez diversas participações em cinema, novelas, peças de teatro. Idealizador, criador e Diretor da casa de espetáculo Teatro Estação. É  Ator e músico nas bandas pop circense “De Carona” e Maria Feia.



Chico Neto é Brigelino

BRIGELINO: Foi um dos pioneiros da região, chegou fincou raízes, criou os filhos e cuidou da terra. Depois de anos de dedicação a lavoura, já idoso,  tem sua família ameaçada por um coronel ganancioso. Num ato impensado mata o coronel á porta de sua casa, e é condenado a prisão, não resiste e morre atrás das grades. É o pai de Tereza, que depois deste fato, entra de vez para o sindicato dos trabalhadores rurais para lutar contra a força dos coronéis. A figura de Brigelino é de um pais de família trabalhador mais severo, a moda antiga é exigente com a família e gosta de tudo do seu jeito. Quando o coronel llhe ameaça fica sem reação, e o instinto de peão se revela, submisso e se sentindo fracassado vai se esvaindo aos poucos com as ameaças do coronel ate quando resolve contra-atacar.  A punição é certa, e além da conta, o delegado da cidade prende dois de seus amigos também lavradores, e sob tortura revelam que Brigelino matou de caso pensado, não foi legitima defesa. Isto mais o esquema de corrupção e troca de favores construído pelos coronéis na cidade colaboram para sua prisão injusta, mesmo com a imprensa da cidade e da capital falando ao seu favor.

Chico Neto interpreta o posseiro Brigelino
CHICO NETO: É ator, de cinema e teatro, tendo algumas participações em televisão. No cinema atuou em filmes como Do Outro Lado da Mesa, A Bruxa, 1,99 Supermercado que Vende Palavras (Marcelo Mazagão), Uma Onda no Ar (Helvécio Ratton), Bicho de Sete Cabeças (Laís Bodanzky), Outras Histórias (Pedro Bial). Em televisão fez: Castelo Ra Tim Bum, Carandiru outras Estórias, Turma do Gueto, Irmãos Coragem, entre outros.
Interpretação memorável de Chico neto

Claudio Cunha é Coronel Altino
ALTINO MACHADO: Altino é um coronel, dono de vastas fazendas e de muitas pessoas, Com seus cacoetes ingênuos de poder e suas manias de grandeza. É ele que consegue mobilizar outros fazendeiros e a elite da cidade contra o movimento dos trabalhadores rurais, se organizando com milícias fortemente armada para reprimir qualquer forma de manifestação dos “revoltosos”. O coronel, usava argumentos como o medo do comunismo, e se utilizava do seu poder de articulação com entidades públicas como governo e poder policial e de segurança.
Apesar do personagem forte a violento, aos poucos, o coronel  vai revelando suas manias, seus jogos de poder, seus modos de controle. Autoritário, mostra com orgulho suas ferramentas de controle econômico e político, disserta sobre a importância do voto de cabresto, revela jogadas políticas para melhorar as condições de suas terras. É uma figura complexa e apaixonada pelo seu modo de vida. Tem pensamentos do tipo: que seus funcionários são como escravos, defende a inferioridade do mestiço em relação aos homens do sul, revela não pagar estudos para as crianças para que elas não fujam da fazenda para a cidade grande. Um genial retrato do imaginário de um homem poderoso do Leste de Minas Gerais, colocado de forma crua como raramente é feito. Não é só mandante de atos violentos, ele também os comete, e mesmo assim se torna um dos personagens mais intrigantes e envolventes da narrativa.

Ator de Diretor de cinema consagrado Cláudio Cunha interpreta um coronel violento.  
Claudio Cunha: é ator e humorista, foi um dos fundadores do cinema conhecido como  “Marginal” e produções da Boca do Lixo. Foi diretor de filmes como Amada Amante, Profissão Mulher, O Clube das Infiéis, O Gosto do Pecado, Vitimas do Prazer. Também atuou como produtor trabalhando com diretores como Carlos Reichenbach entre outros.
Shelmer Gvar é Chico
CHICO: O ator Shelmer Gvar vive um homem massacrado por mazelas sociais. Em Minas Gerais dos anos 1960, dominada pela criação extensiva de gado em terras outrora produtivas e pelas disputas dela originadas, ele é um homem sem identidade, ou passado. De origem muito humilde, teve suas terras tomadas pelo coronel Altino, vive tenso, mas não consegue reagir. É um tímido incurável, um vulcão adormecido que, como o filme indica desde o começo, está prestes a explodir. Mas logo se revela, e, bruto como os seus pares, parte para a luta, metendo o bedelho na rivalidade entre facções coronelistas, e os trabalhadores rurais posseiros que se digladiam um com o outro por mais um pedaço de terra.
Chico tem ao seu  lado a forte e obstinada Tereza, que lhe da força para liderar todo o movimento, fazendo ser uma luta pessoal a favor do bem comum. Chico também acaba se envolvendo com o jornalista Carlos Olavo e seu jornal de esquerda, e com o apoio deste, consegue fundar o sindicado dos camponeses que logo toma tamanho e importância nacional, criando uma situação de tensão acirrada com os coronéis da cidade, e entrando em questões políticas de níveis nacionais.

Shelmer Gvar interpreta um líder Camponês na luta contra os coronéis.

Shelmer Gvar: é ator de teatro e cinema, também é diretor e faz preparação de elenco. Alguns dos filmes que participou: Solidão a Três, Confronto Final,Amor Perfeito, Aleijadinho, Liberdade Ainda que Tardia, Palmeira Seca, Os Elefantes se Alimentam de Flores, Testemunho de Zilda, Os Ratos nos Servem o Jantar.


Participação especial José Dumont
  

NAS TERRAS DO RIO SEM DONO Terá música original com vários compositores.

Trilha sonora experimental faz parte da recente produção da 
AYSSO Filmes BIOSPHERA Cinema e Vídeo e Núcleo CIDADE FUTURO.

Na  trilha sonora de Nas Terras do Rio Sem Dono trabalhamos com alguns contrapontos que fortificam a narrativa ao mesmo temo que nos guia para um filme com uma atmosfera bem particular. Para construir este universo sonoro trabalhamos com o compositor Rodrigo Bragança, que atua com trilhas para campanhas comerciais como Coca-cola, Bradesco entre outros. Apesar deste viés de publicidade, Rodrigo é mineiro e mantém em suas composições características autorais únicas, unindo o violão clássico e sons de percussão. Foi ele o executor e criador da trilha sonora da série documental “Pele Verde” sobre a Amazônia e seus habitantes do diretor Jorge Bodanzky (Iracema, Uma Transa-amazônica), e documentários para National Geografic. Ele no nosso documentário, ficou encarregado da trilha sonora incidental, o som de fundo, seguindo uma linha narrativa sutil, quase subliminar.Robrigo Bragança, também conhecido como Kiko nos círculos artísticos, irá desenvolver uma trilha sonora hora incidental, hora original. Toda base musical do filme circulo em volta do tema musical folclórico; "Peixinhos do Mar" (Domínio Público), e se utiliza em sua base instrumentos alternativos e rústicos, como percussão variada, berimbau, e outros sons experimentai.  Que além de compor as cenas, criam uma ponte de comunicação com os outros músicos que participam da trilha, como grupo Uakti; através do músico Paulo Santos.   

Rodrigo Bragança, apesar de ainda jovem, já tem um longo caminho musical, 
gravando com nomes como Hermeto Pascoal entre outros nomes da música brasileira.


UAKTI; OS SONS DA TERRA E DO POVO.

As outras músicas da trilha são faixas compostas basicamente por compositores mineiros, uma das vertentes é o som do grupo Uakti. A idéia de fazer a trilha com o Uakti foi justamente trabalhar com timbres desconhecidos, com o intuito de colocar o espectador num universo sonoro tão novo quanto o universo rural dos anos 60. Orquestra, quartetos de cordas, pianos ou violões, por serem muito usados no cinema, nos falam de emoções de um mundo mais conhecido, e neste filme a música deveria levar o espectador para outro lugar.  As sonoridades que marcam as músicas do Uakti provêm de instrumentos artesanais, que contam com boa dose de criatividade: o Pan e a Marimba de Vidro. O primeiro é aquela série de canos de PVC afinados, percutidos com uma borracha ou com sandálias Havaianas, que foi popularizado no mundo pelos Blue Men; já o outro pode ser tocado com uma baqueta ou então com um arco de violino. Desde o inicio do desenvolvimento do projeto, sempre pensei na criação de uma trilha mais minimalista, sem temas grandiloqüentes, ai encontramos no Uakti esta possibilidade. Após ouvir e escolher várias faixas para cada cena,  ouvíamos tentando imaginar para qual cena do filme funcionaria. Sempre estando interessado em criar um universo sonoro particular para o filme. Independentemente de onde colocássemos cada música, a sonoridade que estas escolhas  criaram para o filme estaria garantida. Para chegarmos ao ponto de identidade musical, optamos por algumas faixas para utilizarmos como trilha sonora, uma delas Forro de Lara (Paulo Santos Uakti) é o tema de abertura, e da cena inicial de perseguição. Ele tem um peso interessante para a narrativa e lembra um pouco a musica “O Tiro” de Antonio Pinto (abril despedaçado – Walter Sales), só que de uma forma ainda mais completa, utilizando mais instrumentos, o que colabora para os gráficos da abertura do nosso filme. 
Paulo Santos durante performace com um dos instrumentos
 alternativos do Grupo Uakti.

Outras faixas utilizadas no filme são "Triolobita Solo 2", "Alnimak", "Ponto de Mutação" e "Xenitemeno Mu Puli" todas assinadas por Paulo Santos (Uakti). Estas trilhas marcam pontos específicos do filme, dando o clima tensão necessário a algumas cena, em outros momentos já pontua e delicada e afetiva relação do homem com a sua terra e valores como ética, justiça e familia. O Marco Antonio (líder do grupo Uakti) aprendeu marcenaria ainda criança. Há trinta anos, quando criou o grupo, dividia seu tempo entre ensaios, turnês e sua oficina, onde inventava os próprios instrumentos, trabalho inspirado pelo suíço Anton Walter Smetak – também violoncelista, também inventor de instrumentos. Smetak passou grande parte da sua vida na Bahia, onde desenvolveu um trabalho extremamente experimental.
Outro momento de Paulo Santos, novos e velhos sons se unem na sua musicalidade.

Sons e ritmos únicos retirados de intrumentos diferenciais, e 
construídos pelo próprio Uakti.

A PRESENÇA MARCANTE DE MILTON NASCIMENTO TAMBÉM FAZ PARTE DO UNIVERSO SONORO DO FILME

A segunda fase do filme conta com uma trilha sonora com inspiração latino-brasileira, isso através das musicas de Milton Nascimento, sendo elas; “O Homem da Sucursal”, “Caldeira” (instrumental), esta última representando bem o espírito latino ligado a terra dos anos 60 e 70.  Já a música “Minas Gerais” pontua bem o fim das entrevistas, e do documentário, permeando de emoção todos os momentos de lembranças vividas no processo da realização do vídeo, e claro a sensação de alma lavada, ao rever fatos e injustiças do passado, com um olhar contemporâneo e didático. Já o tema central de todo filme é mesmo a música “Peixinhos do Mar”, que é tema dos créditos finais, onde Milton Nascimento interpreta uma versão com o grupo Uakti, gravado para seu álbum “Sentinela” Estas composições estão em negociação do o artista que desde semrpe faz parte de muitos de nossos projetos cinematográficos.
Milton Nascimento fará trechos cantados que relembram seu trabalho
 instrumental , voz sem letras, do album "O Milagre dos Peixes"

Estas músicas constroem o ambiente ideal para a narrativa, pois é preciso construir um universo sonoro que cubra tanto as partes documentais, com Narração em OFF (imagens históricas como fotos e videos)   como também as entrevistas e seus personagens centrais; os entrevistados. Alem destes aspecto claro que temos as cenas com os atores, que representam acontecimentos históricos de tensão e por vezes aventura. Ai vemos que na montagem muitas cenas precisam de uma música que as fizesse crescer em tensão, ou que fossem mudando de clima pouco a pouco. Mas como a maioria das músicas são mais minimalistas,  percebemos que às vezes o esforço dos atores ou da montagem para colocar ou tirar energia de uma cena pode estar sendo atenuados pela música.  Ai o segredo é mesmo adicionar elementos extras como por exemplo as músicas mais calientes do espírito latino muitas vezes representados por faixas como “Caldera” de Milton Nascimento. No geral como disse antes a coisa toda tendeu a ser construída em cima de sons minimalistas.

Vamos simplificando as escolhas das faixas prontas, ou mesmo das que serão compostas, deixando as músicas por mais tempo, evitando algumas misturas, tirando efeitos que pontuam demais a ação. Trilha didática é ruim mesmo, aprendemos na prática. Ai, no fim fizemos uma espécie de limpeza geral e sentimos que o filme ganhou com isso. Tudo ficou mais simples e ao mesmo tempo mais complexo – se é que essa contradição possa ser conciliada.

A trilha tema de Nas Terras do Rio Sem Dono, por Paulo Santos.
A música carrega a riqueza de emoção e tensão que o filme necessita.


Um pouco da base da trilha sonora, aqui pequenos trechos de algumas das músicas.
O som instrumental do uakti como base para o discurso de jango em 1964, neste video
tem também musica tema "Peixinhos do mar", "homem da sucursal" e outros. 



A música tema Caxangá, ou Homem da Sucursal, na voz de Elis Regina, 
a letra diz tudo sobre o que é o nosso filme, os sentimentos e emoções
contidos em cada minutos de filme.



AU PAYS DU PROPRIÉTAIRE DE LA RIVIÈRE SANS aura de la musique originale par différents compositeurs.  - fait partie de la expérimentales récentes la production AYSSO biosphères Films et Film et Video Center Ville du futur. 

Dans la bande originale de Dans la rivière sans propriétaire foncier travailler avec des contrepoints que fortifier le récit où nous craignons  Guide pour un film avec une bonne ambiance particulier. Pour construire cet univers sonore travaillé avec le compositeur Rodrigo Bragança qui travaille avec des pistes pour les campagnes commerciales comme Coca Cola, Bradesco, entre autres. En dépit de ce biais dans la publicité, Rodrigo est un mineur et  garde ses caractéristiques compositions auteur unique, combinant la guitare classique et de sons percussion. Il est le créateur et l'exécuteur  BO de la série documentaire "Skin Green sur l'Amazone et son directeur habitants Bodansky Jorge (Iracema Uma Transa-Amazon)  et de documentaires pour National Geographic. Il en  notre documentaire, a été accusé de voie son accessoire, le bruit de fond, suite à une  scénario subtil, presque subliminar.Robrigo Bragance, alias Kiko dans les milieux artistiques, sera aménager un sentier heures bruit accessoires, l'heure d'origine. Toutes base cercle film musical sur le thème musique folklorique, "Peixinhos mer" (Domain Publique), et est utilisé dans ses instruments de base Alternative et rustique, comme percussions variées, berimbau, le goût et les autres sons. C'est d'ailleurspour composer les scènes, ils créent un pont communication avec les autres musiciens impliqués piste, en tant que groupe Uakti; par le musicien  Santos Paulo.

Uakti; SONS DE LA TERRE ET LE PEUPLE.
Les autres titres sont des chansons de la bande originale composée principalement par des compositeurs de Minas Gerais, l'un des volets est le son du groupe Uakti.L'idée de faire de la piste avec le Uakti était simplement de travailler avec des bruits inhabituels afin de mettre le spectateur dans un univers de sons dès l'âge de l'univers rural de 60 ans. quatuors à cordes Orchestre, pianos et guitares, parce qu'ils sont largement utilisés dans le cinéma, dites-nous les émotions d'un plus connu, et ce film la musique doit prendre le spectateur à un autre endroit. Les sons qui marquent les chansons proviennent d'instruments faits à la main Uakti, qui ont bonne dose de créativité: verre Marimba et Pan. La première est que les séries de tuyaux en PVC à l'écoute, frappé d'une sandales en caoutchouc ou à Hawaï, qui a été popularisé dans le monde entier par les hommes bleus, car l'autre peut être joué avec un bâton ou avec un archet de violon. Depuis le début du développement du projet, toujours l'idée de créer une piste plus minimaliste sans avoir l'air thèmes, j'ai trouvé le Uakti cette possibilité.Après avoir écouté plusieurs pistes et de choisir pour chaque scène, nous avons entendu à essayer d'imaginer ce que la scène de l'oeuvre cinématographique. Toujours est intéressé à créer un monde particulier sonore pour le film. Peu importe où nous mettons chaque chanson, le son que ces choix créé pour le film serait garanti. Pour en arriver au point de l'identité musicale, nous avons choisi quelques pistes pour une utilisation comme une bande-son, un paquebot Lara (Uakti Paulo Santos) est le thème d'ouverture, et la scène d'ouverture de la persécution. Il a un poids intéressant de la narration et ressemble un peu à la chanson "The Shot" par Antonio Pinto (avril brisé - Ventes Walter), que dans un encore plus complet, à l'aide de plusieurs instruments, ce qui contribue à l'ouverture des graphiques de notre film.




D'autrespistes sont utilisées dans le film "Solo Triolobita 2", "Alnimak», «TurningPoint»et «Mu Puli Xenitemeno" tous signés par Paulo Santos (Uakti). Ces pistesmarquer des points spécifiques du film, donnant la tension climat nécessaire à une scène, d'autres fois comme un score délicate et émotionnels et relationnels de l'homme avec leurs terres et des valeurs comme l'éthique, la justice et de la famille. MarcoAntonio (Leader du groupe Uakti) a appris la menuiserie comme un enfant. Il ya trente ans, quand il a créé le groupe, partageant son temps entre les répétitions, les tournées et son atelier où il a inventé ses propres instruments, œuvre inspirée par le SuisseWalter Smetak Anton - également un violoncelliste, un inventeur d'instruments. Smetakpassé une grande partie de sa vie à Bahia, où il a développé un travail trèsexpérimental.FRAPPE LA PRESENCE DE MILTON NASCIMENTO fait également partie de LE SON FILM UNIVERSLa deuxième phase du film met en scène une bande son inspirée latino-brésilienne,que, grâce à la musique de Milton Nascimento, ils sont, "L'homme dans la branche","Caldeira" (instrumental), ce dernier représentant l'esprit latin bien relié à terre de 60 et 70 ans. Depuis la chanson "Minas Gerais» et ponctue la fin des interviews et des documentaires, de l'émotion imprègne chaque instant de vifs souvenirs dans le processus de réalisation d'une vidéo, et bien sûr le sentiment de l'âme lavée, enexaminant les faits et les injustices du passé, avec un regard contemporain etdidactique. Puisque le thème central de tout le film est cette chanson "Peixinhos mer»,qui fait l'objet du générique de fin,  Milton interprète une version avec le groupe Uakti,a enregistré pour son album "Sentinel" Ces compositions sont à la négociation del'artiste semrpe que, depuis le cadre de plusieurs de nos projets de films.
Na foto acima, Milton e Luana (bastidores), mais a cima grupo Uakti com Paulo, 
Décio e André, e a primeira  foto Rodrigo Bragança (Kiko).